segunda-feira, 13 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 05

"Aikido é Amor"
Humildade na Bondade


O primeiro aspecto a me fascinar no aikido foi o hakama. Nem sabia direito o que era aikido, mas aquela idumentária samurai exercicia um brilho em meus olhos que até hoje almejo chegar a ter o direito/honra de usá-lo. Teve uma época que eu nem ligaria de mudar de faixa se pudesse usá-lo. Hoje, ainda tenho esse fascínio. Mas creio que o meu ego é alimentado pela vontade de usar o hakama assim como o ego de alguns é alimentado pelo termo faixa-preta.

Não que não devemos almejar a conquista da faixa. Porém ela é só um adereço (assim como o hakama) de algo mais interno que é a nossa evolução interna. Nosso auto-aprimoramento. Nossa lapidação. É mais do que dito que a faixa-preta/hakama é só um símbolo do começo de uma jornada. Mas como em diversas artes (que fiz e vi) existe uma glorificação da faixa, do Dan, em detrimento dos aspectos morais do artista marcial.

Nada contra o respeito que devemos ter em relação aos mais graduados. Respeito temos que ter para com todos. E com os mais antigos (seja em idade ou na arte) é um dos pilares para o auto-desenvolvimento. Mas quero ressaltar em relação a nós mesmos. O que significa a conquista de uma faixa? ou do hakama?

Nada (penso atualmente).

Nada que fique marcado eternamente em nossas histórias ou nas de outras pessoas. Primeiro porque não é a última etapa (de um processo eterno de aprimoramento). Segundo que nossas vidas não podem ser divididas em antes/depois da faixa. Somos uma constante evolução onde ontem euera alguém e hoje sou outra pessoa. Sempre. suas células não são mais as mesmas. Seus cabelos caíram e outros nasceram. A água que você bebe, a comida que você come, não é mais a mesma. Se você olhar para trás e ver que é a mesma pessoa vou te avisando: VOCÊ ESTÁ MORTO. Lembro que eu tinha (e em alguns casos ainda tenho) um medo incrível de cair pelo lado esquerdo do corpo. Um dia, sem mais nem menos, no jiu-waza, caí certinho em todos os ataques que fiz. Estava na faixa branca. Não sei se alguém já sentiu isso, mas ao cair (sem exageros) eu senti-me iluminado. tive, pensei, a mesma sensação que Buda teve embaixo da árvore Boddhi, ou Cristo ao ser batizado, ou ao sedento no deserto ao ver um oásis em sua frente.
sensação indiscritível. Ao chegar em casa, não jantei. Apenas tomei meu banho e deitei-me. Estava inundado de uma sensação de paz tão grande , mas tão grande que dormi sorrindo.

Desde então não tive a mesma sensação. Fiz o exame pa 5º kyu e aquela sensação não me veio à noite. E nem nas noites que vieram depois. Cheguei a sentir uma falta imensa da paz e felicidade que senti naquele dia. Ontem li um comentário que um guerreiro tem que ser humilde e não olhar o ontem, nem o hoje nem o amanhã, pois são todos ilusórios da verdade que Somos Eternamente.

Ainda tenho no íntimo , bem lá no fundo da mente, a bsuca por aquela sensação ilusória. Não ilusória no sentido que não existe e sim ilusória de que eu não poderia senti-la quando quisesse. Estou imerso nela. Só me falta humildade para limpar o ego que me separa dela.

Não olho os mais graduados com inveja e sim com admiração que eles tenham conseguido aprimorar-se no DO como um dia me aprimorarei. Espero contudo, uma retidão moral que irá evoluir com o passar das faixas. Espero também que consiga esta evolução moral, e na capacidade de amar sem exageros, sem extremos, sem arrogância, sem humilhação.

A capacidade de amar vem de algo grandioso, além dos nossos sentidos. Me falta reconectar-me com esta energia. Agradeço imensamente e humildemente ao Caminho da Energia Harmoniosa por , neste momento, conseguir perceber que tenho o grande privilégio de ser capaz de amar a todos e a tudo.

Onegashimás

Pensamento do dia: "A árvore não segura o fruto depois de maduro, pois o fruto não é dela, é do mundo."

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