domingo, 19 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 11

"Aikido é Energia"
Tolerância à Disciplina

Tolerar com disciplina e amor é uma das mais difíceis tarefas a nós requisitadas. Para tolerar com sinceridade você deve colocar seu ego de lado, aceitar que você não está certo de tudo e que não é o centro do mundo. Hoje fui num excelente seminário de aikido em outra cidade. Vinha de uma noite anterior com náuseas e vômitos, mas decidi ir assim mesmo, para poder ter chances de interagir com outros aikidocas de outras cidades. Além de tudo, após fazer (até agora) estes exercícios do sefirah ha omer tem me acontecido coisas muito estranhas: coincidências (ou sincronicidades) além de, pelo que acho, estar acontecendo um expurgamento de algo muito ruim de meu corpo, pois de uns dias pra cá tenho dado aftas, dores no estômago, problemas fígado e digestão, minha rinite atacou brava e virou um gripe (que não pego a anos), tá saindo bolhas de minhas mãos, não estou dormindo bem, tem me dado cefaléas (e meus exames estão normais), enfim, não sei se é do exercício mas as coincidências me deixar encafifado.

Continuando, no fim do seminário, fomos convidados para um churrasco. Um amigo e eu não quisemos ir (ele por compromisso e eu por estar passando mal), uns quatro se manifestaram que queriam ir e os outros "de boa" com qualquer decisão. Óbvio que meu amigo e eu não iríamos empacar a festa dos outros e decidimos ir embora de ônibus. Os outros, por camaradagem, decidiram ir embora também. Uma dessas pessoas (pelo menos sincera) revoltou-se e disse : "estamos indo embora porque VOCÊ DOIS não querem ir". Meu amigo disse que não estava obrigando ninguém a ir embora e que nós iríamos voltar de ônibus sem qualquer remorso. No que a pessoa disse"viemos juntos, voltamos juntos".

Bem, são milhares de situações parecidas ou que levam a um desfecho onde você pode escolher entre duas opções: Sim e Não. Foi me dada esta opção. Neste caso escolhi o Não e responderia por essa decisão. Meu amigo idem. Porém é difícil ouvir o não. Estamos sempre preparados para o positivo (ou queremos estar convencidos disso). Não nos preparamos para o adverso, para o contrário, para a negativa. Estávamos num seminário de aikido, onde pressupunha harmonizar-se com a energia oponente e reconduzi-la a paz. Aparentemente a situação estava resolvida de qualquer jeito, mas o comentário feito a nós dois, me fez pensar na sinceridade dessa harmonia.

E fico a pensar quantas situações eu discordava e ficava magoado por não aceitarem o meu sim. (pois também fiquei magoado com a revolta da pessoa, então eu não sou diferente dela). Por eu ter recusado o Não alheio. Por que, minha pessoa, seja ontem ou hoje, não consegue ser tolerante com o diferente de meu pensamento? Precisei passar por essa situação para poder me auto-avaliar e com certeza, se eu estivesse bem de saúde, iria querer ficar para o churrasco e ficaria nervoso com meu amigo que queria ir embora. No fim, isso fez questionar a minha tolerância para com as diferenças. Vi num livro ( A Lógica do Cisne Negro) que não estamos preparados para o inesperado, que achamos que não existe um cisne negro baseado apenas porque não vimos um.

O aikido prepara-nos para sermos tolerantes. Para esperarmos o inesperado. Para harmonizarmos com quaisquer energias seja do céu ou da terra. É só questão de pararmos de vez em quando e meditarmos. Trabalhando nossos defeitos ao mesmo tempo que experimentamos novas qualidades inatas em nosso ser.

Quero agradecer ao colega que foi sincero com seus sentimentos e me fez ver que, ainda, não consigo me harmonizar com o meio. Ao chegar aqui na minha cidade, pedi sinceras desculpas (exercíco do dia) e segui em frente pois, espero, uma nova chance de fazer a escolha correta e a fala correta me será dada. Espero trabalhar minha tolerância e disciplina sem parecerem forçadas, mas emandas tão naturalmente que não haja diferenças no que sinto e no que eu expresso.

Onegai shimasu.

Sidarta Gautama passou dias a jejuar embaixo da árvore Boddhi. Estava com muita fome. Até que uma mãe e sua filha passaram por ele e imaginaram que ele fosse um Deva. Ofereceram-lhe um punhado de arroz, reverenciam-no e foram embora. Sidarta olhou aquele prato e o comeu sem sentir-se pecador. Neste momento, iluminou-se.

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