sexta-feira, 24 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 16

"Aikido é Harmonia"
Disciplina na Compaixão

No início de minha retomada ao aikido percebi algo que já tinha dito em outros posts... Como tenho medo de cair pelo lado esquerdo!!! isto é deveras interessante visto que já vi algumas pessoas relatando o mesmo caso (tanto pelo direito quanto pelo esquerdo). Hoje vou tentar entender o pôrque disso.

Há alguns estudos em psicomotricidade (relações entre a psiquê/maturidade e o movimento) que diz que crianças que não passaram completamente pela fase do engatinhar tem maiores dificuldades em alguns movimentos do corpo (lateralidade principalmente) ou desenvolvem movimentos mais complexos com um certo atraso (já tinha ouvido falar disso com um mestre). Bem, neste aspecto, já sou um exemplo pois aprendia a andar com andador. então, pelo visto, pulei uma parte entre engatinhar e ficar em pé. Se for analisar psicologicamente, praticamente eu não passei pelo medo de cair pois o andador me firmava em quaisquer tropeços que eu tinha. Aprendi a andar precocemente porém com sequelas prováveis em outros níveis de desenvolvimento motor/psicológico. Percebi que hoje, sou muito encurtado em diversas posições que tento alongar. e olha que sempre me dediquei a alguma atividade que era composta de alongamentos diversos (yoga, capoeira etc..).

Outro aspecto interessante é que como não se passou pelo medo de cair essa sensação ao ser experimentada mais tarde (com mais idade) não traz lembranças à memória. Mais ou menos assim: Ao cair pela primeira vez pelo lado esquerdo (sou destro), lado que sou mais problemático, estatelei duro no chão. Como não há lembranças reminescentes disso em minha memória, leva-se a um pânico pelo desconhecido. Quando somos crianças somos atraídos pelo desconhecido. Nossas células estão afoitas em descobrir o mundo. E nem todos nós continuamos com esse sentimento de exploração quando adultos. A vida nos prega tantas peças que ficamos cautelosos demais. Ficamos muito precavidos. não deixamos simplesmente fluir. E dá-lhe dificuldade de cair, seja de que lado for, e de que tipo de queda for. E é isso que existe de interessante nas artes marciais (e artes corpóreas em geral): dá-se uma nova chance ao corpo de vivenciar o que nunca vivenciou-se.

E admiro a compaixão de nossos instrutores de serem carinhosos conosco da primeira vez ao ter todo o cuidado de tirar-nos o medo e de após alertar que esse medo é infundado, simplesmente nos jogar rumo ao chão (com toda a técnica que lhes são peculiares). Eles sabem que não existe motivo e por compaixão percebem que é o momento da mãe-pássaro expulsar o filhote do ninho... empurrando-o para que ele abra as asas. Se não fosse assim nunca nos desenvolveríamos. Nunca deixaríamos o ninho. Este post é um agradecimento às minhas mestres que tanto me ajudaram a perder (quase todo) o medo de cair. De cair no chão ... de cair na vida. Pois quando se cai com técnica, imediatamente depois se levanta sem quaisquer lesões pelo corpo/mente.

Obrigado pela vossa compaixão. Na medida certa. No momento certo. Eu , ao contrário, ainda falho em minha compaixão. Ela é demasiada quando tem que ser branda e branda quando tem que ser abastada. Um dia eu chego lá. Mas com vossas experiências, minhas amadas senseis, eu tenho a quem mirar.

Onegai shimasu

PS: tem mais uma teoria de lado esquerdo/direito correlacionando com figuras masculina/feminina mas fica pra outro post.

"Não tenha medo de nada e você realizará trabalhos maravilhosos. No momento em que sentir medo, você não é ninguém." - Vivekananda

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