quinta-feira, 23 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 15

"Aikido é Harmonia"
Bondade na Compaixão

Ao pesquisar a respeito da história do Aikido percebi que a mesma se assemelha a de muitas outras artes marciais que pode ser resumido da seguinte forma: Um mestre compila e cria uma nova arte marcial -> é seguido por discípulos geniais -> senão em vida, logo após a morte do mestre ocorre um racha entre estes discípulos -> são criadas outras artes marciais tendo como base a arte marcial do mestre sob o ponto de vista do discípulo.

Essa história já foi vista no karatê, kung fu, taekwondo entre outras. Não ia diferir no Aikido que é formado por homens e por tal fato, incuto de falhas. Não falhas do Aikido mas falhas provenientes das visões (egocêntricas???) dos praticantes. Não que fosse proibido surgir novas artes marciais, mas atualmente, como 5º kyu, vejo , talvez com olhos inocentes, um desperdício de energia nestas derivações da arte-raiz, ainda mais quando às vezes, muda-se somente o nome mas a técnica em si, é praticamente a mesma.

Claro que existem conflitos de egos, de dominâcia de poder e vejo aqui mesmo no Brasil, em minha cidade, nos vários aspectos de minha vida social e familiar a necessidade do ser humano de usar e abusar do poder. De almejar o poder como complemento de seu caráter pequeno. O-Sensei (não lembro onde li isso, mas li com certeza) já estava prevendo isso ao , perto de morrer, avisar a alguns discípulos para ficarem de olho em Tomiki. E realmente aconteceu. Mohirei faleceu e Tomiki fundou um estilo de Aikido, que ao meu ver, não tem nada dos princípios e bases filosóficas do Aikido. Sensei Saito faleceu e o atual Doshu tirou o título de guardião do Templo Aiki do filho de Saito. Enfim, são tantas histórias, que ao meu ver, de longe, são pequenas picuinhas mas que geram tantas discórdias que fico a pensar: onde está a Harmonia tão pregada por O-Sensei?

Nesta etapa lembro-me de uma frase citada por Paulo Coelho (do qual li quase todos os livros mas só gostei mesmo de "O Alquimista") que dizia que um guerreiro mesmo que não faça o que diz, após repetir tantas vezes a mesma história é capaz de seguir a conduta que sai por seus lábios. E por isso tenho esperança. Esperança que escrevendo estas palavras, as mesmas, se tiverem algo de bom, seja encravado em meu espírito e que haja uma evolução real, uma dissolução do ego, mesmo que lenta, mas que eu consiga reunificar a harmonia quando houver discórdia.

Num outro post já citei uma desarmonia a qual passei recentemente e creio que embora não tenha sido a melhor resolução, se resolveu sem rachas aparentes. Não sei do futuro mas gostaria que a compaixão entre os praticantes fosse a força motriz por detrás dos conflitos que certamente ocorrerão em nossa jornada de vida (e no aikido). Mas uma compaixão amorosa e não piedosa. Não preciso da piedade de ninguém, somente da compreensão e que me exijam disciplina caso manifeste desorganização ou caso eu promova discórdia (espero ficar longe disso).

É triste constatar que suas mais altas referências pereceram onde poderiam triunfar. Que não conseguiram promover, na prática, a Harmonia tão filosoficamente teorizada. Mas onde eles falharam, é depositada a esperança que nós venceremos. E se errarmos que nos seja dada a oportunidade de correção nesta vida (pois teremos outras pra corrigir). Porém, pela compaixão de Deus por nós, que deixemos o mundo melhor do que o pegamos. Para que esta fé na verdadeira Harmonia seja depositada nos herdeiros da Mãe-Terra.

Onegai shimasu

YAMAOKA TESSHU, quando um jovem estudante Zen, visitou um mestre após outro. Ele então foi até Dokuon de Shokoku. Desejando mostrar o quanto já sabia, ele disse, vaidoso:"A mente, Buddha, e os seres sencientes, além de tudo, não existem. A verdadeira natureza dos fenômenos é vazia. Não há realização, nenhuma delusão, nenhum sábio, nenhuma mediocridade. Não há o Dar e tampouco nada a receber!"Dokuon, que estava fumando pacientemente, nada disse. Subitamente ele acertou Yamaoka na cabeça com seu longo cachimbo de bambu. Isto fez o jovem ficar muito irritado, gritando xingamentos."Se nada existe," perguntou, calmo, Dokuon, "de onde veio toda esta sua raiva?"

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