quinta-feira, 30 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 22

"Aikido é União"
Bondade na Tolerância

Começarei hoje a falar da primeira técnica, Ikkyo. O-sensei dizia, se não me engano: "kotegaeshi 5 anos, irimi, 10 anos, ikkyo,a vida inteira". Engraçado porque desprezamos muito o ikkyo em favor de outras técnicas ou mais visualmente bonitas ou que achemos mais eficazes...

Ikkyo quer dizer "primeira técnica". Primeiro, "UM", é o princípio de tudo. Do UM nasceu o DOIS , do DOIS o TRÊS e daí todo o universo. Podem haver mil retas, mas para que haja uma verdadeira união, todas devem convergir para somente UM ponto. Neo, no filme MATRIX era o THE ONE. O UM. O ÚNICO. Mas em inglês THE ONE também pode ser denominado como O ESCOLHIDO. O SALVADOR. Um é o ínício da criação. Para Pitágoras, UM é a razão, é DEUS. Um não é masculino nem feminino. UM é a UNIÃO.

Em síntese, UM é a base do aikido. Não existe aikido sem UNIÃO. Se você realizar qualquer técnica e não houver uma união sincera (mesmo que temporária), não é aikido. E como deve haver sinceridade e nós, homens, escondemos nossos desejos, ambições, medos etc., Um é um treino de uma vida.

Um na cabala é Kether (palavra que significa “Coroa”) é a realidade única, o mistério absoluto, a essência pura da qual emanam as restantes sefiroth. Do Umsurgem todos os outros números. De Deus surge todo o universo. Daí que não existe aikido sem Um, sem União, logo, sem Ikkyo.

Ikkyo não termina com a imobilização. Ikkyo vai além da imobilização. Ikkyo não começa com irimi. Ikkyo começa antes de irimi. Começa antes de nascermos (seu houve um começo) e termina depois de morrermos (se houver uma "morte" real). Basta apenas que na próxima vez que se execute Ikkyo, caia o véu da ilusão, e veja que, antes de uma técnica, você estará vivenciando Deus em você.

Onegai Shimasu

Um monge perguntou ao mestre: "Qual o significado de Dharma-Buddha?" O mestre apontou e disse: "O cipreste no jardim." O monge ficou irritado, e disse: "Não, não! Não use parábolas aludindo a coisas concretas! Quero uma explicação intelectual clara do termo!" "Então eu não vou usar nada concreto, e serei intelectualmente claro," disse o mestre. O monge esperou um pouco, e vendo que o mestre não iria continuar fez a mesma pergunta: "Então? Qual o significado de Dharma-Buddha?" O mestre apontou e disse: "O cipreste no jardim."

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 21

"Aikido é Harmonia"
Nobreza na Compaixão

A aprtir do próximo post irei iniciar, ou pelo menos tentar, discorrer sobre os aspectos filosóficos das técnicas de aikido. Comecei, em posts anteriores, a discorrer sobre o irimi. Agora será a respeito das outras técnicas e , sem reler o post doirimi, discorrer sobre ele novamente, para depois comparar, já que já perfazem 3 semanas do sefirah ha omer 2009!!!

Hoje, rapidamente, irei discorrer sobre a nobreza no aikido. Ser nobre,creio, começa antes mesmo de se chegar à academia, é no tipo de pensamento que nos leva à ela. Posso pensar em ir para descontar minha raiva, posso ir com o intuito de machucar outros, posso ir com vontade de me aprimorar, como desejo de me elevar espiritualmente, sem vontade alguma (como que indo sem vontade), enfim, vários tipos de pensamentos (nem preciso discorrer quais são nobres...).

Depois a nobreza já é feita durante o caminho. como observo o ambiente e me interajo com as pessoas. Como entro na academia, se sorrindo, se nervoso, se cumprimentando a todos, se prostando à figura de O-Sensei.

Durante a aula, se escuto e observo seriamente o que me é passado, se me esforço para dar omelhor de mim, se evito machucar meu colega embora me esforce pra técnica ser efetiva (mas com segurança).

No fim da aula, ser nobre é deixar quaisquer mal-entendidos pra trás. O que é feito no tatame fica lá. Assim como que o que se vive mal fora dele fique fora dele.

No retorno à casa, se volto com bons sentimentos, se me sinto mais evoluído que antes de sair.

E, finalmente, no meu dia-a-dia longe da academia, já que aikido é o caminho da enrgia e da harmonia, ele é feito no cotidiano. Quando tenho um desfecho harmonioso numa discussão (seja em casa ou no trabalho), quando tenho um embate com um conehcido ou estranho,enfim, quando consigo fazer a entrada correta, unificando-me com a enrgia contrária, faço aikido. Em minha opinião, modesta, O VERDADEIRO AIKIDO, O AIKIDO DA VIDA REAL E COTIDIANA.

Onegai shimasu

"Na China, havia um monge Zen, chamado mestre Dori, que, por fazer zazen empoleirado num pinheiro pára-sol, fora alcunhado de mestre Ninho de Passarinho.Um poeta muito célebre, Sakuraten, foi visitá-lo e, ao vê-lo fazer zazen, disse-lhe:"Tomai cuidado, que isso é perigoso; podereis, um dia, cair do pinheiro!""De maneira nenhuma," respondeu mestre Dori. "Vós é que correis perigo de um dia cair."Sakuraten refletiu. "Com efeito, vivo dominado por paixão, é como brincar com o raio". E perguntou ao mestre Zen:"Qual é a verdadeira essência do budismo?"Mestre Dori respondeu:"Não façais nada violento, praticai somente o aquilo que é justo e equilibrado.""Mas até uma criança de três anos sabe disso!" exclamou o poeta."Sim, mas é uma coisa difícil de ser praticada até mesmo por um velho de oitenta anos..." completou o mestre. "

terça-feira, 28 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 20

"Aikido é Harmonia"
Compromisso na Compaixão

Estava pensando, nestes dias, na minha evolução no aikido. Faz 1 ano que entrei. Já tinha feito wushu mas nada que se comparasse às quedas que faço no aikido. Aliás, nem gostava de cair quando fazia wushu. Duas semanas atrás a mãe de um aluno me viu ser uke de minha sensei e, ao fim da aula, veio me elogiar quanto às minhas quedas. Fiquei lisonjeadíssimo. Mesmo sabendo que estou longe de ser um bom uke. Mas só isso já me abstou para provar que evolui do medroso para o "menos medroso" (rs). é engraçado que sobre os olhos não treinados pareça incrível o que façamos mas, nós que estamos dentro, sabemos que ainda há um longo caminho a trilhar.

Por isso, finalmente, entendi o que já diziam: a faixa preta é apenas o começo da jornada. Até então só estivemos nos preparando para sair de casa. E entendo quando algum sensei meu diz que ainda tem muito a melhorar quando os vejo realizar técnicas incríveis (para meus olhos destreinados). E gostaria muito de me aprimorar na auto-análise de minha evolução. Não quero parecer rígido demais nem condenscendente demais. Seguir o caminho do meio de Buda. Sem stress mas sem preguiça. O yudansha de domingo passado foi ao mesmo tempo um bom banho de água fria em meu ego (que estava se achando demais) e um excelente estimulante para o que posso evoluir pela frente!!!

Onegai shimasu

"Ao encontrar um mestre Zen em um evento social, um psiquiatra decidiu colocar-lhe uma questão que sempre esteve em sua mente: "Exatamente como você ajuda as pessoas?" ele perguntou. "Eu as alcanço naquele momento mais difícil, quando elas não tem mais nenhuma questão para perguntar," o mestre respondeu. "

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 19

"Aikido é Harmonia"
Humildade na Compaixão

Estava eu pensando se estou sendo humilde no caminho do aikido. Quero, como já dito na explciação da existência deste blog, evoluir-me tanto fisicamente/marcialmente quanto filosoficamente/moralmente com o decorrer dos anos. É uma das qualidades que mais observo em alguns faixa-pretas com os quais eu já observei. Pouquíssimo são aqueles que fogem à regra e não demonstram bom-caráter, respeito e humildade. Mas estes, deixo de lado pois não são referência para mim.

Eliminar a arrogância, ou melhor, entendê-la e dissipá-la é um dos caminhos mais penosos quando, no progresso da vida, vamos ganhando algum tipo de poder. Seja no trabalho, em casa, na academia ou em outro lugar,ao galgar postos superiores devemos ter em mente que é a experiência em algo que nos leva até lá. Mas isso não quer dizer que sejamos "o deus" daquilo. Que não necessitemos de ouvir outras pessoas. De ouvir suas opiniões. De colocar nosso ponto de vista quase de igual pra igual para com outros de posições abixo da nossa. Digo quase pois um cargo superior envolve responsabilidade. E essa responsabilidade nos dá uma certa pressão nas decisões. E nemtodas as decisões são agradáveis aos cargos abaixo do nosso. Mas mesmo uma opinião contrária nossa deve ser emoldurada de carinho e compreensão. Ela, caso tenha sido pensada com honestidade, pode ter sido a melhor naquele momento mas talvez não seja para todo o sempre, por isso, a necessidade do diálogo.

Algumas vezes já me senti superior com aqueles que dependiam de minha compaixão. Mas, neste ponto, graças a Deus foi um sentimento tão rápido quanto os segundos do relógio. E dependerá de muito esforço para que não se repita a ponto de tornar-se minutos, horas ou uma vida inteira.

Onegai shimasu.

"Assim, o homem, depois de suas buscas vãs de vários deuses, completa o ciclo e descobre que ,o Deus imaginado por ele, é seu próprio Eu"

Completando que este EU não é o Eu-egóico e sim o EU-mônada.

domingo, 26 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 18

"Aikido é Harmonia"
Tolerância na Compaixão

Hoje foi o Yudansha (encontro do s faixas pretas) aqui na minha cidade, na academia de minha sensei Miriam. Estavam presente faixas pretas de Ribeirão Preto, Franca, São José do Rio Preto e Uberaba. Este foi aberto também aos faixas coloridas destas cidades também. Foi muito, mas muito legal o encontro. é emocionante você ver os grandes nomes do aikido reunidos ali pertinho de você. E a simpatia dels de estarem conversando com você assi.. de boa. Eu que nunca fui muito de idolatrar ninguém, fiquei de queixo caído com o Sensei Breno (6º Dan) de Ribeirão Preto. O cara está no cerne do aikido no Brasil (quando o aikido começou a ser conhecido com o Sensei Kawai). É a mesma sensação e quem treina com Yamada Sensei. Tipo, ele treinou com O-sensei. Cara isso é demais. E este post ficou mais como um postietagem então,rpa não ficar muito fru-fru vai um parágrafo de penasmento.

Vou citar algo que antes me dixava bravo mas agora me alegra muito. E mostra que você sempre está em desenvolvimento. Antes eu ficava bravo quando no jiu-waza vinha dois ukes ao mesmo tempo contra mim. Achava que não conseguia desenvolver uma defesa bonita pois não tinha tempo pra pensar. Agora, com mais agilidade, e mais incorporação eu prefiro quando eles venham assim, pois além de simular uma situação de vida real, treina minha compaixão mais ainda. Antes eu só ajudava alguém quando eu tinha tempo. Percebi que nos últimos tempos em algumas situações eu consegui ajudar mesmo não tendo tempo pra mim mesmo. e isso não me prejudicou em nada. Penso que pode ser fruto do treino d jiu-waza. Mas posso estar errado. quero reler estes post mais no futuro.

Onegashimás

"Um tigre pediu pra um gato ensinar seus movimentos a ele. O gato, gentilmente ensinou o que sabia. Quando o gato encerrou sua aula, o tigre o atacou ferozmente. Nesse momento o gato deu um pulo e parou em cima de uma árvore. O tigre revoltado disse: Mas isso você não ensinou. e o gato: Pois esse é o pulo do gato, e isto, não se ensina."

sábado, 25 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 17

"Aikido é Harmonia"
Compaixão na Compaixão

Hoje vou abordar a questão psicológica do lado esquerdo/direito na visão do autor do livro "Diga-me onde dói que te direi o pôrque", Michel Odoul. Neste livro, muito , mas muito resumidademente ele diz que após nascermos o lado esquerdo expressa ligações com figuras masculinas e o lado direito expressa relações com figuras femininas. Sejam ascendentes, colaterais ou descendentes, isto é, pais/mães, maridos/esposas, irmãos/irmãs, filhos/filhos ou alguma figura que expresse psicologicamente estes personagens.

Sempre tive, digamos, uma ausência da figura paterna, mesmo que ela estivesse "presente". Crescimais com conselhos maternos e de amigos que propriamente paternos. Enfim, resumindo, tenho problemas coma figura paterna. Lembrando do que disse Oudol, então provavelemnte isso expressará algum problema físico (proveniente do psicológico) no lado esquerdo. Poderia ir além com esta associação e correlacionar os elementos da medicina chinesa com suas respectiva dominâncias e esmiuçar ainda mais alguns problemas que hoje tenho em decorrência dessa ausência. Mas fico aqui somente com o medo de cair do lado esquerdo.

Mais uma vez o aikido me ajudou a trabalhar este problema. Pois se a via do problema é psicosomática (psiquê atuando no corpo), uma das maneiras de se trabalhar é pela via contrária ou somatopsíquica (o corpo atuando sobre a mente). É só lembrar que depois de algum treino é só se sentar em seiza que uma calma repentina surge. Sem que pra isso pensemos nesta calma. Então uma das maneiras que estou trabalhando meu psíquico é nesta condição de cair melhor pelo lado esquerdo. Pecebi que com o tempo e com as quedas mais suaves estou me tornando mais gentil, mais receptivo e aberto com as pessoas. Já é um grande avanço pra quem era totalmente fechadão!!!

E percebi que antes eu era irrascível ao julgar as pessoas. Hoje possuo uma compaixão mais sincera e liberta de preconceitos, embora não seja com todos que eu tenha paciência de ajudar/auxiliar. Calma lá.. Só tenho 1 ano de aikido... ainda tenho muito o que aprender e melhorar em todos os campos. Mas só de conseguir perceber isso creio que já seja um avanço. Trabalhar minha compaixão nos termos do outro e não nos meus. Apreciar e entrar na esfera aikidoística do outro e não obrigá-lo a seguir meu pensamento.

Onegai shimasu.

Um mestre mostra um bando de gaivotas voando no céu a seu dicípulo. E pergunta: o que você vê? No que ele responde: Mestre, vejo gaivotas voando no céu!!! - Errado! diz o mestre aperta, com seus dedos, fortemente o nariz do discípulo o torce até sair sangue.... Neste momento o discípulo se iluminou.

Não sei se é preciso apertar meu nariz pra que eu me ilumine. Mas só deixo minha sensei fazer o teste...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 16

"Aikido é Harmonia"
Disciplina na Compaixão

No início de minha retomada ao aikido percebi algo que já tinha dito em outros posts... Como tenho medo de cair pelo lado esquerdo!!! isto é deveras interessante visto que já vi algumas pessoas relatando o mesmo caso (tanto pelo direito quanto pelo esquerdo). Hoje vou tentar entender o pôrque disso.

Há alguns estudos em psicomotricidade (relações entre a psiquê/maturidade e o movimento) que diz que crianças que não passaram completamente pela fase do engatinhar tem maiores dificuldades em alguns movimentos do corpo (lateralidade principalmente) ou desenvolvem movimentos mais complexos com um certo atraso (já tinha ouvido falar disso com um mestre). Bem, neste aspecto, já sou um exemplo pois aprendia a andar com andador. então, pelo visto, pulei uma parte entre engatinhar e ficar em pé. Se for analisar psicologicamente, praticamente eu não passei pelo medo de cair pois o andador me firmava em quaisquer tropeços que eu tinha. Aprendi a andar precocemente porém com sequelas prováveis em outros níveis de desenvolvimento motor/psicológico. Percebi que hoje, sou muito encurtado em diversas posições que tento alongar. e olha que sempre me dediquei a alguma atividade que era composta de alongamentos diversos (yoga, capoeira etc..).

Outro aspecto interessante é que como não se passou pelo medo de cair essa sensação ao ser experimentada mais tarde (com mais idade) não traz lembranças à memória. Mais ou menos assim: Ao cair pela primeira vez pelo lado esquerdo (sou destro), lado que sou mais problemático, estatelei duro no chão. Como não há lembranças reminescentes disso em minha memória, leva-se a um pânico pelo desconhecido. Quando somos crianças somos atraídos pelo desconhecido. Nossas células estão afoitas em descobrir o mundo. E nem todos nós continuamos com esse sentimento de exploração quando adultos. A vida nos prega tantas peças que ficamos cautelosos demais. Ficamos muito precavidos. não deixamos simplesmente fluir. E dá-lhe dificuldade de cair, seja de que lado for, e de que tipo de queda for. E é isso que existe de interessante nas artes marciais (e artes corpóreas em geral): dá-se uma nova chance ao corpo de vivenciar o que nunca vivenciou-se.

E admiro a compaixão de nossos instrutores de serem carinhosos conosco da primeira vez ao ter todo o cuidado de tirar-nos o medo e de após alertar que esse medo é infundado, simplesmente nos jogar rumo ao chão (com toda a técnica que lhes são peculiares). Eles sabem que não existe motivo e por compaixão percebem que é o momento da mãe-pássaro expulsar o filhote do ninho... empurrando-o para que ele abra as asas. Se não fosse assim nunca nos desenvolveríamos. Nunca deixaríamos o ninho. Este post é um agradecimento às minhas mestres que tanto me ajudaram a perder (quase todo) o medo de cair. De cair no chão ... de cair na vida. Pois quando se cai com técnica, imediatamente depois se levanta sem quaisquer lesões pelo corpo/mente.

Obrigado pela vossa compaixão. Na medida certa. No momento certo. Eu , ao contrário, ainda falho em minha compaixão. Ela é demasiada quando tem que ser branda e branda quando tem que ser abastada. Um dia eu chego lá. Mas com vossas experiências, minhas amadas senseis, eu tenho a quem mirar.

Onegai shimasu

PS: tem mais uma teoria de lado esquerdo/direito correlacionando com figuras masculina/feminina mas fica pra outro post.

"Não tenha medo de nada e você realizará trabalhos maravilhosos. No momento em que sentir medo, você não é ninguém." - Vivekananda

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 15

"Aikido é Harmonia"
Bondade na Compaixão

Ao pesquisar a respeito da história do Aikido percebi que a mesma se assemelha a de muitas outras artes marciais que pode ser resumido da seguinte forma: Um mestre compila e cria uma nova arte marcial -> é seguido por discípulos geniais -> senão em vida, logo após a morte do mestre ocorre um racha entre estes discípulos -> são criadas outras artes marciais tendo como base a arte marcial do mestre sob o ponto de vista do discípulo.

Essa história já foi vista no karatê, kung fu, taekwondo entre outras. Não ia diferir no Aikido que é formado por homens e por tal fato, incuto de falhas. Não falhas do Aikido mas falhas provenientes das visões (egocêntricas???) dos praticantes. Não que fosse proibido surgir novas artes marciais, mas atualmente, como 5º kyu, vejo , talvez com olhos inocentes, um desperdício de energia nestas derivações da arte-raiz, ainda mais quando às vezes, muda-se somente o nome mas a técnica em si, é praticamente a mesma.

Claro que existem conflitos de egos, de dominâcia de poder e vejo aqui mesmo no Brasil, em minha cidade, nos vários aspectos de minha vida social e familiar a necessidade do ser humano de usar e abusar do poder. De almejar o poder como complemento de seu caráter pequeno. O-Sensei (não lembro onde li isso, mas li com certeza) já estava prevendo isso ao , perto de morrer, avisar a alguns discípulos para ficarem de olho em Tomiki. E realmente aconteceu. Mohirei faleceu e Tomiki fundou um estilo de Aikido, que ao meu ver, não tem nada dos princípios e bases filosóficas do Aikido. Sensei Saito faleceu e o atual Doshu tirou o título de guardião do Templo Aiki do filho de Saito. Enfim, são tantas histórias, que ao meu ver, de longe, são pequenas picuinhas mas que geram tantas discórdias que fico a pensar: onde está a Harmonia tão pregada por O-Sensei?

Nesta etapa lembro-me de uma frase citada por Paulo Coelho (do qual li quase todos os livros mas só gostei mesmo de "O Alquimista") que dizia que um guerreiro mesmo que não faça o que diz, após repetir tantas vezes a mesma história é capaz de seguir a conduta que sai por seus lábios. E por isso tenho esperança. Esperança que escrevendo estas palavras, as mesmas, se tiverem algo de bom, seja encravado em meu espírito e que haja uma evolução real, uma dissolução do ego, mesmo que lenta, mas que eu consiga reunificar a harmonia quando houver discórdia.

Num outro post já citei uma desarmonia a qual passei recentemente e creio que embora não tenha sido a melhor resolução, se resolveu sem rachas aparentes. Não sei do futuro mas gostaria que a compaixão entre os praticantes fosse a força motriz por detrás dos conflitos que certamente ocorrerão em nossa jornada de vida (e no aikido). Mas uma compaixão amorosa e não piedosa. Não preciso da piedade de ninguém, somente da compreensão e que me exijam disciplina caso manifeste desorganização ou caso eu promova discórdia (espero ficar longe disso).

É triste constatar que suas mais altas referências pereceram onde poderiam triunfar. Que não conseguiram promover, na prática, a Harmonia tão filosoficamente teorizada. Mas onde eles falharam, é depositada a esperança que nós venceremos. E se errarmos que nos seja dada a oportunidade de correção nesta vida (pois teremos outras pra corrigir). Porém, pela compaixão de Deus por nós, que deixemos o mundo melhor do que o pegamos. Para que esta fé na verdadeira Harmonia seja depositada nos herdeiros da Mãe-Terra.

Onegai shimasu

YAMAOKA TESSHU, quando um jovem estudante Zen, visitou um mestre após outro. Ele então foi até Dokuon de Shokoku. Desejando mostrar o quanto já sabia, ele disse, vaidoso:"A mente, Buddha, e os seres sencientes, além de tudo, não existem. A verdadeira natureza dos fenômenos é vazia. Não há realização, nenhuma delusão, nenhum sábio, nenhuma mediocridade. Não há o Dar e tampouco nada a receber!"Dokuon, que estava fumando pacientemente, nada disse. Subitamente ele acertou Yamaoka na cabeça com seu longo cachimbo de bambu. Isto fez o jovem ficar muito irritado, gritando xingamentos."Se nada existe," perguntou, calmo, Dokuon, "de onde veio toda esta sua raiva?"

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 14

"Aikido é Energia"
Nobreza da Disciplina

Com a experiência aprendemos que devemos encarra a vida de frente. Assim como no campo de batalha, frente a um oponente. Podemos recuar mas sem tirar os olhos do contrário (provisoriamente) a nós. E para haver este enfrentamento necessita-se o olho-no-olho, o tête-a-tête. E como faríamos isso sem nossa auto-estima?

Quando a auto-estima está baixa reflete-se no corpo assim como todos nossos pensamentos pois alma, mente e´corpo habitam um só constituinte. Não encaramos o outro, a vida.. o mundo. Como tenho uma tendência a baixa auto-estima (e não baixa-estima como diria alguns auhauauh) é um aspecto que necessito trabalhar muito em mim. Dentro de mim (de todos nós)há um tesouro que ninguém mais possui. não sou menor ne maior que ninguém.. só momentaneamente diferente. E por isso mesmo especial. Creio ser a principal razão de elevar a auto-estima. O meu papel no teatro do mundo não pode ser cumprido por mais ninguém.

Assim no aikido a postura é peça-chave na defesa de um ataque. Um samurai tinaha auto-estima elevada. Seu tronco era ereto.. seus olhos não saiam dos olhos do oponente. ele enxergava alama e as ações do inimigo. Vendo vídeos no youtube percebe-se que duas técnicas podem ter nomes iguais mas suas execuções podemser diametralmente opostos. Isso somente no aspecto postura. Em minha academia observo que os professores tem um grande trabalho para conosco neste aspecto, o qual, no princípio não damos tanta importância pois queremos é "derrubar" o outro. Não imoprta se esteja bonito ou não. Se com força ou não. E com isso ocorrem vícios que serão difíceis de se corrigir posteriormente. Já dizia O-sensei: Comce sem forma, entre na forma e saia da forma". O aprendizado de uma postura elegante é primordial na eficiência de uma técnica. Até porque a Beleza é tão importantete que faz parte da Árvore da Vida. Tenho muito a percorrer neste aspecto...

Onegai shimasu

"Certo dia um rei chamou ao seu palácio o mestre zen Muhak - que viveu de 1317 a 1405 - e lhe disse que, para afastar o cansaço e a tensão do trabalho administrativo, queria ter uma conversa completamente informal com ele. Em seguida, o rei comentou que Muhak parecia um grande porco faminto procurando comida. - E você, excelência parece o Buda Sakiamuni meditando, sobre um pico elevado dos Himalaias. O rei ficou surpreso com a resposta de Muhak. - Comparei você a um porco, e você me compara ao Buda?- É que um porco só pode ver porco, excelência, e um Buda só pode ver Buda."

Esse mestre tinha uma excelente auto-estima!!!

terça-feira, 21 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 13

"Aikido é Energia"
Compromisso em Disciplina

Quase sempre que entro em alguma atividade, entro mais por diversão. Principalmente porque caso eu entre de cabeça, me gera uma tensão, a espera de resultados rápidos. E nem sempre os resultados chegam rápido. Lembro de ter lido na página do "Aikido Ilhabela" do termo "perder a faixa preta". Gsotei deste termo. Pois a cada coisa que se aprende, esvazia-se o copo mais ainda para aprender ainda mais. Você chega à faixa preta e perde-a. Você inicia um novo ciclo de aprendizado.

Quando fiz aikido a cinco anos atrás esperava um retorno rápido. Felizmente não pude continuar, pois não sei até onde aquela ânsia de aprender ligeiramente me levaria. Creio que hoje eu esteja mais apto a me tornar bom. Quando me tornar bom buscarei o melhor. Quando melhor, ser excelente... e assim por diante.

Mas para isso tem que haver compromisso. A disciplina feita por meio de compromisso não é uma algema para prende-lo mas um estímulo de que, um dia, a maturidade levará ao conhecimento dos benefícios da jornada.

Uma amiga e vizinha minha disse-me que é hora de sacudir a poeira e engajar-me em algo que valha a pena. Uma dessas atividades, agora, escolho que seja o aikido. Compromisso com disciplina. Mentalizar minha saúde intacta para dedicar-me com afinco. Até que eu seja capaz de perder minha faixa preta.


Onegai shimasu

"Um jovem atravessou o Japão em busca da escola de um famoso praticante de artes marciais. Chegando ao dojo, foi recebido em audiência pelo Sensei. - O que você quer de mim ? perguntou-lhe o mestre - Quero ser seu aluno e tornar-me o melhor karateca do país. Quanto tempo preciso estudar ? - Dez anos, pelo menos.- Dez anos é muito tempo respondeu o rapaz . E se eu praticasse com o dobro da intensidade dos outros alunos ? - Vinte anos. - Vinte anos! E se eu praticar noite e dia, dedicando todo o meu esforço ? - Trinta anos.- Mas, eu lhe digo que vou dedicar-me em dobro, e o senhor me responde que a duração será maior ? - A resposta é simples. Quando um olho está fixo aonde se quer chegar, só resta um para se encontrar o caminho."

Pensando bem... creio que vou me dedicar ao aikido sem preocupar-me em ser o melhor e sim "buscar" melhorar... mu!!!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 12

"Aikido é Energia"
Humildade na Disciplina


Creio que uma das qualidades do aikido seja estabelecer a humildade na hora de julgar alguém. Imagino uma situação onde não seja pedido (ou necessário) meu julgamento porém o faço por simples egoísmo. Ou mesmo quando pedido o egoísmo é a base pela qual meço as pessoas. Óbvio que isso não resultará em algo bom. O aikido por não ter um "ataque" clássico reserva-nos um tempo para medir as nossas ações. E sabendo que açõs geram reações isso é de vital importância nos nossos julgamentos.

Quando deixo de lado o ego ao analisar uma situação, predisponho-me a conciliar-me com energias superiores as quais, creio firmemente, esclarecerão melhor os aspectos da desarmonização. E quando num ataque marcial, deixo de lado meu ego, integro-me com o kami, a técnica fluirá e será conduzida a um aspecto imparcial e justo. Pois, pelo que entendi até aogra, não há vencedores ou perdedores no aikido.

Então uma questão básica a ser trabalhada: somente julgar quando neessário e de maneira livre do ego. Um longo e árduo trabalho tenho pela frente.

Onegai shimasu

"Um novo estudante aproximou-se do mestre Zen e perguntou-lhe como elepoderia absorver seus ensinamentos de forma correta."Pense em mim como um sino," o mestre explicou. "Me dê um suavetoque, e eu irei lhe dar um pequeno tinido. Toque-me com força e vocêreceberá um alto e profundo badalo."

domingo, 19 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 11

"Aikido é Energia"
Tolerância à Disciplina

Tolerar com disciplina e amor é uma das mais difíceis tarefas a nós requisitadas. Para tolerar com sinceridade você deve colocar seu ego de lado, aceitar que você não está certo de tudo e que não é o centro do mundo. Hoje fui num excelente seminário de aikido em outra cidade. Vinha de uma noite anterior com náuseas e vômitos, mas decidi ir assim mesmo, para poder ter chances de interagir com outros aikidocas de outras cidades. Além de tudo, após fazer (até agora) estes exercícios do sefirah ha omer tem me acontecido coisas muito estranhas: coincidências (ou sincronicidades) além de, pelo que acho, estar acontecendo um expurgamento de algo muito ruim de meu corpo, pois de uns dias pra cá tenho dado aftas, dores no estômago, problemas fígado e digestão, minha rinite atacou brava e virou um gripe (que não pego a anos), tá saindo bolhas de minhas mãos, não estou dormindo bem, tem me dado cefaléas (e meus exames estão normais), enfim, não sei se é do exercício mas as coincidências me deixar encafifado.

Continuando, no fim do seminário, fomos convidados para um churrasco. Um amigo e eu não quisemos ir (ele por compromisso e eu por estar passando mal), uns quatro se manifestaram que queriam ir e os outros "de boa" com qualquer decisão. Óbvio que meu amigo e eu não iríamos empacar a festa dos outros e decidimos ir embora de ônibus. Os outros, por camaradagem, decidiram ir embora também. Uma dessas pessoas (pelo menos sincera) revoltou-se e disse : "estamos indo embora porque VOCÊ DOIS não querem ir". Meu amigo disse que não estava obrigando ninguém a ir embora e que nós iríamos voltar de ônibus sem qualquer remorso. No que a pessoa disse"viemos juntos, voltamos juntos".

Bem, são milhares de situações parecidas ou que levam a um desfecho onde você pode escolher entre duas opções: Sim e Não. Foi me dada esta opção. Neste caso escolhi o Não e responderia por essa decisão. Meu amigo idem. Porém é difícil ouvir o não. Estamos sempre preparados para o positivo (ou queremos estar convencidos disso). Não nos preparamos para o adverso, para o contrário, para a negativa. Estávamos num seminário de aikido, onde pressupunha harmonizar-se com a energia oponente e reconduzi-la a paz. Aparentemente a situação estava resolvida de qualquer jeito, mas o comentário feito a nós dois, me fez pensar na sinceridade dessa harmonia.

E fico a pensar quantas situações eu discordava e ficava magoado por não aceitarem o meu sim. (pois também fiquei magoado com a revolta da pessoa, então eu não sou diferente dela). Por eu ter recusado o Não alheio. Por que, minha pessoa, seja ontem ou hoje, não consegue ser tolerante com o diferente de meu pensamento? Precisei passar por essa situação para poder me auto-avaliar e com certeza, se eu estivesse bem de saúde, iria querer ficar para o churrasco e ficaria nervoso com meu amigo que queria ir embora. No fim, isso fez questionar a minha tolerância para com as diferenças. Vi num livro ( A Lógica do Cisne Negro) que não estamos preparados para o inesperado, que achamos que não existe um cisne negro baseado apenas porque não vimos um.

O aikido prepara-nos para sermos tolerantes. Para esperarmos o inesperado. Para harmonizarmos com quaisquer energias seja do céu ou da terra. É só questão de pararmos de vez em quando e meditarmos. Trabalhando nossos defeitos ao mesmo tempo que experimentamos novas qualidades inatas em nosso ser.

Quero agradecer ao colega que foi sincero com seus sentimentos e me fez ver que, ainda, não consigo me harmonizar com o meio. Ao chegar aqui na minha cidade, pedi sinceras desculpas (exercíco do dia) e segui em frente pois, espero, uma nova chance de fazer a escolha correta e a fala correta me será dada. Espero trabalhar minha tolerância e disciplina sem parecerem forçadas, mas emandas tão naturalmente que não haja diferenças no que sinto e no que eu expresso.

Onegai shimasu.

Sidarta Gautama passou dias a jejuar embaixo da árvore Boddhi. Estava com muita fome. Até que uma mãe e sua filha passaram por ele e imaginaram que ele fosse um Deva. Ofereceram-lhe um punhado de arroz, reverenciam-no e foram embora. Sidarta olhou aquele prato e o comeu sem sentir-se pecador. Neste momento, iluminou-se.

sábado, 18 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 10

"Aikido é Energia"
Compaixão na Disciplina


Até agora sempre falei que devemos amar a todos e a tudo com disciplina, foco e energias adequadas. Mas de onde posso tirar esse amor? Essa energia? Esta é uma preocupação infundada pois estamos imersos no amor assim como o peixe está imerso na água e não se dá conta até estar fora dela. Ficamos com este mesmo sentimento quando estamos bloqueando a energia amorosa. Não é o outro que bloqueia. Somos nós. apenas e tão unicamente nós que nos recusamos a aceita-lo. Amamos porque somos refelxos de Deus. Deus/Kami é amor. Quando negamos esta energia negamos a tudo.

Creio que até os mais rancorosos tenham algo que lhes fazem sorrir. É impossível não sentir amor. Mas definirei melhor a palavra amor, pois no português ela soa muito genérica. Melhor a(s) definição(ões) em grego.

Amor na Grécia antiga vinha decomposta por três palavras: Eros, Filia e Ágape. Eros (que vulgarmente associamos ao amor) é o amor sexual, selvagem, por vezes incontrolável que vem dos sentidos. Filia é o amor da amizade seja por quem for, é um amor que vem da convivência das similaridades, da identificação. E, finalmente, Ágape é o amor universal. Aquele que independe de se conehcer o objeto amado, pois é um amor cósmico, que abrage a tudo e a todos. Creio que esta seja a mais sublime das formas, a mais sutil, é creio, seja o estágio final do aprendizado do aikido. Onde não existe a marcialidade pois você é aquilo e aquilo é você. Filia no aikido viria, como já dito em outro post, da identificação com o outro, porém , com o redirecionamento de suas atitudes. Eros viria da tensão provinda da simples troca de olhares. Podemos ter os três tipos ao mesmo tempo. é essa consciência que pretendo trabalhar. Mudar o foco ao ver a outra pessoa. Pelo amor enxergar o que há depositivo dela e pela disciplina extrair aquilo que é negativo. E, ceder, meu corpo/espírito para outro retribuir e extrair o negativo (ou névoa) que há em mim.

Onega shimasu

"conheças a verdade e a verdade vos libertará".
Esta frase que não me permite ser subjugado por idéias que restringem meu pensamento em vez de ampliá-los.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 09

"Aikido é Energia"
Disciplina na Disciplina

Estava lendo um artigo a respeito do grande samurai Myamoto Musashi. Diz, o artigo, que na juventude ele era rebelde e selvagem, e, com a ajuda do seu tutor, um monge, adquiriu paz de espírito e inicou a jornada que o levou a ser a lenda que é hoje. Claro que diz o ditado "todo ídolo tem pés de barro", mas história de transformações do negativo para o positivo sempre nos emocionam. É como se existisse uma reverberação interna que ressoasse ao ouvirmos tais histórias. E, por lógica, se reverbera é porque temos este mesmo ideal dentro de nós mesmos.

Creio que estamos em tempos difíceis de achar heróis que nos movam para ideais melhores, para atitudes mais dignas e honrosas. Vemos muito "salve-se quem puder", a doutrina da "lei de Gérson" etc. Vive-se de glórias efêmeras, de títulos passageiros... não há busca por temas sublimes e eternos. Nesse contexto as artes marciais, pelo menos no que li, nos brindam com inúmeras figuras heróicas e dedicadas. que pelo trabalho duro e persistente atingiram a iluminação pelo caminho do Budô.

Esse caminho requer disciplina, treino, dedicação e atitudes nobres. Mesmo em ocasiões difíceis. Pelo que se lê até mesmo os samurais com seu código de honra cederam às dificuldades num tempo em que sua "utilidade" (entendam num sentido prático) estava decrescendo. Tornaram-se ronins e bandidos.

Ora, podemos pensar, se até samurais sucumbiram o que dirá de nós? Mas eis que penso que no meio de tantos maus exemplos sempre há bons para contrabalancear, mesmo que suas histórias não seja contadas. Sempre exitirá aquela pessoa disposta ao sacrifício pessoal em nome de um ideal/bem maior. Para o treino da moral creio ser necessário muita disciplina, leitura e organização/ação. E , vixe, como sou desorganizado, meu quarto é uma bagunça. Antes usava o argumento "científico" que no caos existe ordem.. mas convenhamos.. isso não cola muito.. embora em alguns momentos seja verdade!!!

Tenho o dever e compromisso de tornar-me mais disciplinado e organizado tanto no aikido quanto nas tarefas cotidianas de minha vida. Disciplina preenchida com amor, justiça, beleza, honra, bondade etc.

Termino aqui com uma frase de Bertold Bretch
"Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons, mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis."

Onegashimás

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 08

"Aikido é Energia"
Bondade na Disciplina


Creio que o amor seja a forma de energia mais sublime que possamos desenvolver. Porém tudo é energia, provém da energia e transforma-se pela energia. O Aikido é uma das formas que se transforma a energia. É, para mim, a pedra filosofal que me faltava. está transformando o chumbo de meu Ego no ouro de meu Espírito. Transforma pela energia acumulada minha mais do oponente e direciona-a a um ponto equidistante entre o Amor e a Harmonia com o fim de não haver separação entre eu e o oponente. Com isso desce o véu que encobre os olhos do Ego. Não existe Eu, não existe Oponente. Existe somente Deus/Kami/Energia fundamental.

Porém, deve-se pensar, se Aikido é amor, por que ele é uma arte Marcial. Ora, marcial vem de Marte, o Deus da Guerra (Ares em Grego). Todas os mitos de guerreiros (sejam deuses ou não) como Ares, Atena, Hórus, Thor e etc.. são símbolos de uma parte inerente nossa que é a Disciplina. Simbolizam os liites dados às nossa conquistas e à vigia destas.

Ares é mais sintonizado como o deus da guerra selvagem, imprevisível e Atenas com a deusa da guerra estratégica. são símbolos da disciplina que temos que ter sobre nossos instintos. De domá-los a fim de que reajam na maneira certa frente a uma imprevisibilidade ou acontecimento premeditado (por nós) e calculado.

Mas como podemos responder com amor a um ataque à nossa pessoa? Com treino (já dito antes - disciplina) a fim de polir nossa intuição frente ao mundo. Quando a consequência do amor retribuído por nós a um ataque parece uma punição, não devemos olhar com olhos acusativos. Punição (justa) é uma das faces do amor. Mostramos que nosso amor tolera a toda humanidade mas não a todo comportamento desta. Queremos ser seres humanos melhores porém também queremos que a humanidade também seja melhor. Buddha dizia que existia dois tipos de pessoas que bsucavam a iluminação: aqueles que seguiam seus estudos sozinhos não importando com os outros e aqueles que atrasavam a sua iluminação para que levassem outros no dharma (a esses era dado o nome de Bodisatvas).

Creio que o Aikido seja um Bodisatva-Do, já que nossa evolução não se processa solitariamente. Expandimos nosso amor como nage/uke a todo a humanidade. amor este guiado pela disciplina. Com simbolismo em personagens guerreiros... talvez daí o-Sensei fizesse preces a um Kami de Guerra, pois sabia que a energia conduzida com disciplina também seria um dos aspectos do Amor.

É somente uma amostra de que a marcialidade também pode ser uma das facetas do Amro que podemos dirigir à humanidade. Quando a justiça torna os seres viventes melhores.

E justiça leva a julgamento. Talvez seja necessário direcionarmos nossos julgamento às falhas (nossas de e de outrem) com amor e disciplina (nos termos ants descritos) não com o intuito de nos satisfazermos co as falahs alheias e sim como um espelho onde enxergamos no outro a nós mesmo. Daí o-Sensei , às vezes, ser representado como um kami posuindo os trêstesouros sagrados : a Espada pacificadora, a Jóia da perfeição e o Espelho da iluminação.

Como diria um sábio (não lembro o nome): "Cada floco de neve de uma avalance declara-se não culpado"

Onegashimás

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 07

"Aikido é Amor"
Nobreza na Bondade


A honra para os samurais era uma questão de vida e morte. Vivia-se com honra e morria-se com honra. Um ato desonroso era visto como um ato violento contra a alma do samurai. Dedicava-se cada gesto cotidiano de forma a ser belo, eficiente e honroso. No aikido a premissa é exercitar as técnicas (as interações entre praticantes e mestres inclusas) com beleza estética, eficiência e honra tanto na hora de ser uke quanto nage. É desenroso para o Nage o Uke que não entrega-se totalmente e inversamente desonra para o uke um nage que não entrega-se na defesa. No último treino eu fui desonroso tanto como nage quanto como uke. Minha técnica não estava fluida (normal, com treino melhora) porém após o incidente da minha mão passei a escapar de todos os ataques sem devolver o amor/energia que estavam-me sendo entregues. E após isso como uke, não entreguei meu corpo (mesmo machucado) ao meu nage. Não aplicava o ataque com toda a minha energia (estava poupando-a para não deixar a mão machucar-se ainda mais).

Mas e se fosse numa situação real de vida e de morte? Por mais cansado que estivesse deveria lutar por minha vida até a última gota de energia. Assim como para defender àqueles que amo. Já se ouviu falar de mães que levantam carros para tirar seus filhos que estivessem embaixo daqueles. Então um machucadinho na mão não seria impedimento para um ataque ou defesa apropriados.

Isso sem falar de outros atos desonrosos que faço, infelizmente todos os dias, pois mesmo não praticados fisicamente eles iniciam-se na mente. Podem não serem materializados , mas existem no plano mental. Faço este sefirah como um seppuku, um harakiri. Morro a cada dia destas meditações para renascer com novas condições de fazer o ato certo. O pensamento correto, da maneira correta e da intensidade correta. Pois uma vida desonrosa pode ser eliminada a qualquer hora, basta querermos, e renasceremos com condições de nos tornarmos mais puros e iluminados, embebidos da nobreza de ser honrado.

A nobreza não vem da cor da faixa, da força, do tamanho, ou qualquer outro aspecto material/físico. Ela surge no atma, na mônada, no mais alta honra de nossos espíritos.
Espero que a partir desse meu harakiri mental eu renasça com a certeza de que nada me separa do Buda/Cristo/Kami. Já tenho um lampejo disso. E comemoro/louvo aos céus por ainda nesta vida (já que não me lembro das outras) ter as condições mentais (pois as físicas eu tenho) de querer me tornar alguém melhor do que fui ontem.


E querer é poder.

Onegashimás.

Mu!!!

terça-feira, 14 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 06

"Aikido é Amor"
Compromisso na Bondade


"Para se achar água num poço não adianta furar vários buracos pequenos na terra e sim um único grande". Já errei muito na vida por "ciscar" demais e não aprofundar totalmente em algo que eu apreciava. Tipo um clínico geral. Sabia um pouco de cada coisa mas sem a profudidade necessária para aproveitá-la da melhor maneira possível. Da escolha entre saber um pouco de cada coisa ou muito de quase nada, escolhi a primeira opção. Depois de todos estes anos caminho para a segunda alternativa. Tinha medo de aprofundar-me em algo já pensando que estava a perder algo de bom em outro lugar (seja ele imaginário ou real).

Consegui uma diversidade de asuntos onde dificilmente me sentia excluído de alguma roda de bate-papo. Porém, com o tempo, senti-me vazio, como se o conhecimento foss até um certo degra e não subisse mais. Começo a entender que na vida temos as fases de "ciscar' e as fases de aprofunamento, a qual estou passando agora. Seja nos relacionamentos seja nas atividades cotidianas.

Nas artes marciais de tudo fiz um pouco (e sem saber quase nada, pra ser sincero): capoeira, karate, taeekwondo, kung fu. Agora, finalmente parei para ir ao fundo do conhecimento e escolhi o aikido como a arte mais proprícia para ser o meu Caminho.

Não é fácil. Pois para se construir algo (sozinho e principalmente em conjunto) necessita-se de compromisso. Uma conexão íntima com o(s) outro(s) a fim de gerar frutos saudáveis.

E na sequência, compromisso incute-se de responsabilidade e, um dia n avida, temos que assumi-la. Mas uma responsabilidade leve, imuída de carinho que irá gerar amor fechando o ciclo semente, árvore, fruto e semente.

Assim como no amor começo aqui a erigir algo construtivo para gerar bons frutos que, espero, irão semear o mundo de boas energias.


Encerro aqui junto com o Pequeno Príncipe: "Tu te tornas eternamemente responsável por aquilo que cativas"

Onegashimás

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 05

"Aikido é Amor"
Humildade na Bondade


O primeiro aspecto a me fascinar no aikido foi o hakama. Nem sabia direito o que era aikido, mas aquela idumentária samurai exercicia um brilho em meus olhos que até hoje almejo chegar a ter o direito/honra de usá-lo. Teve uma época que eu nem ligaria de mudar de faixa se pudesse usá-lo. Hoje, ainda tenho esse fascínio. Mas creio que o meu ego é alimentado pela vontade de usar o hakama assim como o ego de alguns é alimentado pelo termo faixa-preta.

Não que não devemos almejar a conquista da faixa. Porém ela é só um adereço (assim como o hakama) de algo mais interno que é a nossa evolução interna. Nosso auto-aprimoramento. Nossa lapidação. É mais do que dito que a faixa-preta/hakama é só um símbolo do começo de uma jornada. Mas como em diversas artes (que fiz e vi) existe uma glorificação da faixa, do Dan, em detrimento dos aspectos morais do artista marcial.

Nada contra o respeito que devemos ter em relação aos mais graduados. Respeito temos que ter para com todos. E com os mais antigos (seja em idade ou na arte) é um dos pilares para o auto-desenvolvimento. Mas quero ressaltar em relação a nós mesmos. O que significa a conquista de uma faixa? ou do hakama?

Nada (penso atualmente).

Nada que fique marcado eternamente em nossas histórias ou nas de outras pessoas. Primeiro porque não é a última etapa (de um processo eterno de aprimoramento). Segundo que nossas vidas não podem ser divididas em antes/depois da faixa. Somos uma constante evolução onde ontem euera alguém e hoje sou outra pessoa. Sempre. suas células não são mais as mesmas. Seus cabelos caíram e outros nasceram. A água que você bebe, a comida que você come, não é mais a mesma. Se você olhar para trás e ver que é a mesma pessoa vou te avisando: VOCÊ ESTÁ MORTO. Lembro que eu tinha (e em alguns casos ainda tenho) um medo incrível de cair pelo lado esquerdo do corpo. Um dia, sem mais nem menos, no jiu-waza, caí certinho em todos os ataques que fiz. Estava na faixa branca. Não sei se alguém já sentiu isso, mas ao cair (sem exageros) eu senti-me iluminado. tive, pensei, a mesma sensação que Buda teve embaixo da árvore Boddhi, ou Cristo ao ser batizado, ou ao sedento no deserto ao ver um oásis em sua frente.
sensação indiscritível. Ao chegar em casa, não jantei. Apenas tomei meu banho e deitei-me. Estava inundado de uma sensação de paz tão grande , mas tão grande que dormi sorrindo.

Desde então não tive a mesma sensação. Fiz o exame pa 5º kyu e aquela sensação não me veio à noite. E nem nas noites que vieram depois. Cheguei a sentir uma falta imensa da paz e felicidade que senti naquele dia. Ontem li um comentário que um guerreiro tem que ser humilde e não olhar o ontem, nem o hoje nem o amanhã, pois são todos ilusórios da verdade que Somos Eternamente.

Ainda tenho no íntimo , bem lá no fundo da mente, a bsuca por aquela sensação ilusória. Não ilusória no sentido que não existe e sim ilusória de que eu não poderia senti-la quando quisesse. Estou imerso nela. Só me falta humildade para limpar o ego que me separa dela.

Não olho os mais graduados com inveja e sim com admiração que eles tenham conseguido aprimorar-se no DO como um dia me aprimorarei. Espero contudo, uma retidão moral que irá evoluir com o passar das faixas. Espero também que consiga esta evolução moral, e na capacidade de amar sem exageros, sem extremos, sem arrogância, sem humilhação.

A capacidade de amar vem de algo grandioso, além dos nossos sentidos. Me falta reconectar-me com esta energia. Agradeço imensamente e humildemente ao Caminho da Energia Harmoniosa por , neste momento, conseguir perceber que tenho o grande privilégio de ser capaz de amar a todos e a tudo.

Onegashimás

Pensamento do dia: "A árvore não segura o fruto depois de maduro, pois o fruto não é dela, é do mundo."

domingo, 12 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 04

"Aikido é Amor"
Tolerância na Bondade

Hoje amanheci com o corpo dolorido da aula de ontem. É nestas horas que lembro dos ensinamentos de minha mãe acerca das coisas boas da vida não virem de graça. É preciso suor para a conquista de algo valoroso. E assim sinto que são dores gostosas, daquelas que te fazem lembrar o momento que errou ao cair, ao receber uma determinada técnica/notícia (tenho essa mania de associar, do nada, a parte técnica do aikido com exemplos da vida... espero que não se aborreçam).

Vamos à reflexão do dia. Tem muitas coisas que tolero. Mas somente após o acidente de ontem vi que no calor de um revés da vida, fico desestabilizado. E o aikido ensina que a estabilidade vem da harmonização com o ambiente. Seja ele qual for. Céu ou inferno. Harmonize-se com ele. Seja constante em "aceitar" algo e inconstante na "maneira" de receber. Surpreenda. Você sempre receberá o amor mas de maneiras diferentes pois diferentes são as maneiras que ele se expressa. A minha meta é reduzir o tempo que levo em receber algo e aceita-lo de maneira adequada. Sem me desestabilizar. Não indo de encontro direto, realizando um bom tai sabaki ou tenkan, para entrar em conjunto com a mesma direção e sentido que a força oponente me é apresentada. Mas para isso tenho que trabalhar minha força de vontade. Lutar pelo que acho certo. Creio que se estamos sintonizados com a egrégora da harmonia/amor/energia, estaremos no caminho certo. Para isso, tenho que deixar meu ego de lado (outro post a ser feito no futuro). Conectar-me a uma energia maior que eu. É difícil e várias vezes falhei nesta jornada e espero conseguir cumpri-la antes do fim de minha atual existência. Será um grande salto se conseguir. Atualmente meu amor é fraco e tenho que trabalhar seu espírito para que fique cada dia mais forte no trabalho com todos os meus relacionamentos. Espero que com dedicação, estudo (sempre ele) e mais ação eu atinja a meta.

E por fim, tentar ser uma pessoa confiável nas horas boas e ruins. Neste aspecto creio que já tenha dado alguns passos. É analisar mais situações pra certificar-me disso.

Encerro aqui com um pensamento de Satya Sai Baba: "O que é errado é errado mesmo que TODOS façam, o que é certo é certo mesmo que NINGUÉM faça".

Onegashimás

sábado, 11 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 03

"Aikido é Amor"
Compaixão, Harmonia na bondade

Hoje no jiu-waza, estando como nage, desviei tardiamente de um munitsuki , o soco pegou em cheio na mão e com isso tive uma distensão do polegar. Engraçado como a dois posts atrás comentei do irimi. Saber a hora certa de entrar num golpe. O bom do aikido é isso: colocar à prova o que filosofamos no dia-a-dia e nos livros. Na hora doeu pacas e (como já estava cansado) me desestabilizou emocionalmente. Ótimo . De novo. Só aprendemos a levantar após cair. Minha sensei ainda me colocou de uke no jiu-waza seguinte de uma amiga. Confesso que não rendi e fiz corpo mole porque a mão doía muito e, erroneamente, minha cabeça estava em como ia tabalhar segunda. Depois ainda fui comentar com meu colega de seu munitsuki e fiquei com pena dele pois ele ficou triste do meu machucado. Creio que eu me machuquei. Faltou foco. Viver o momento. REALMENTE receber o amor que estava sendo dado a mim. Como , já disse antes, temos dificuldade de receber o amor, minha elipse ficou desarmoniosa e não rendeu fisicamente muita coisa meus exercícios hoje. Só filosoficamente pois agora posso analisar longe do momento e depois de um antiinflamatório (hauhauhuahua).

Agradeço meu amigo pela grande lição aprendida hoje. Foco e harmonia. Não desistir. Por mais que estivesse cansado um pai tem que encontrar energia para brincar com o filho quando chega em casa. Ele dá o amor que transborda. Nós retribuímos com o amor infinito.

Como estou digitando somente com a mão direita este post vai ser mais curto. Quando melhorar quero abordar mais a questão do foco a fim deste conceito impregnar-se em minha alma.

Pergunta do dia: Você se desestabiliza emocionalmente? Quanto tempo leva pra recuperar o foco? Hoje eu vi que me desestabilizo rapidamente e lentamente recupero a concentração. Minha estrada é longa.


onegashimás.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 02

"Aikido é Amor"
Disciplina na Bondade


Uma vez, no tatame, ao ouvir o som de um celular, eu comecei a dançar ao som do mesmo. Fui repreendido pela minha sensei na mesma hora. Queria enfiar minha cara no chão!!! Aquela atitude minha era um reflexo condicionado das inúmeras vezes que eu dava aula no cursinho (a alguns anos) e ao ouvir o celular de um aluno eu dançava pra mostrar minha desaprovação. E fiz a mesma atitude dos meus alunos, quando o aluno era eu. Disciplina e respeito, seja sobre o tatame (que é uma sala de aula) seja na vida é fundamental para a harmonia do ambiente em que estamos. Temos que estar imersos nas vibrações dos "kamis" que orientam o tatame espiritual. essa conexão só é feita por meio de concentração e silêncio. é uma luta pra mim este silêncio, já que desde muito tempo, gosto de trocar idéias e opiniões enquanto há aula. O silêncio exterior nos mostra quão barulhento é nosso interior. Talvez por isso o temamos tanto.


Mas há um meio-termo entre o silêncio e a fala descabida. é a discrição. A discrição é usada para que evitemos causar distúrbio na aula. Confesso que sou imensamente "levável" quando alguém brinca. É um dos meus principais defeitos. Espero trabalhá-lo com disciplina. Escrever aqui talvez reforce minha força de vontade. Espero.

Por causa dessa minha indisciplina posso atrapalhar o rendimento de alguém. Não que eu ache que devemos calar todas nossas dúvidas em prol do silêncio. Porém nem toda dúvida leva ao progresso. Ficarmos dependentes excessivamente de nossos professores/senseis só atrapalharia nossa evolução. Eles podem ajudar até um determinado ponto. O resto é conosco. Eles não podem ser nossas muletas. Aprendi a muito tempo não ficar zangado quando um professor não responde à minha pergunta. Posso estar incomodando com uma pergunta que não traria grande progresso ou, na experiência do professor, ele acredita que eu mesmo possa encontrar a resposta. Basta silêncio, estudo e disciplina.


Como somos seres humanos, falíveis, podemos tirar vantagem de uma pessoa generosa. Ás vezes somos generosos demais. Esse excesso de amor prejudica, pois além de levar alguém a tirar vantagem desse amor, posso impedir sua evolução sendo sua muleta. Ínclusive essas minhas opiniões podem parecer forçar alguém a seguir meu, atual, sistema de valores. Creio que quem esteja lendo seja precavido o suficiente para extrair somente, se houver, algo de bom do que esteja escrevendo.


O outro é uma extensão minha assim como o bokken é uma extensão de nossos braços. a disciplina, a bondade e o amor que fazem o bokken serem parte de nós mesmo pode ser simbolizada nos nossos relacionamentos. Assim como o bokken deve ser apropriado para a força que eu colocar nele, devemos utilizar nossos discernimento ao colocar amor, disciplina e bondade no próximo. Sem excessos. Sem faltas. Bokken. Disciplina. Excesso de disciplina tira a espontaneidade do manejo do bokken. Falta de disciplina subutiliza a eficácia do bokken.


Mais uma lição que aprendi hoje. Um dos aspectos da sabedoria é entregar o outro nossa energia de forma apropriada e receber a energia vindoura da mesma forma apropriada. Mais um aspecto da esfera dinâmica.


A chuva é uma bênção apenas porque cai em gotas que não inundam os campos.


Conclusão: Respeito e disciplina dentro e fora do tatame. Mas na intensidade certa, ok? hauhauhuahuahua

Pensamento do dia:

Pequena pergunta - Pequena evolução
Média pergunta - Média evolução
Grande pergunta - Grande Evolução

Qual seria grande pergunta? Espero que minha estrada no aikido possa me auxiliar a encontrá-la.

Onegashimás

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Meditação de um 5° Kyu - Sefirat ha Omer 2009 - Dia 01

"Aikido é Amor"
Bondade na Bondade



Tentemos analisar a questão do amor dentro do Aikido. Relembrando que a tradução comumente utilizada é Ai = Harmonia, Ki= energia e Do= caminho. Aikido seria (interpretação minha) "O caminho da energia harmoniosa". Mas em japonês o fonema "ai" também pode ser interpretado como "amor", talvez daí, O-sensei ter dito "aikido é amor". Como Aikido é o caminho da energia harmoniosa, ele vai além da questão meramente marcial compondo todas a matizes de nossas vidas.
Todos temos, dentro de nós, a capacidade de amar. Talvez difira a maneira como o expressamos. Talvez difira a intensidade de nosso amor. Percebi que após a prática do Aikido minha expressão e intensidade de amar as pessoas tem mudado como nunca mudou. Vagarosamente, claro, pois sou humano cheio de defeitos. Antes não deixava as pessoas entrarem em minha vida. Tanto como nage como uke, estou aprendendo a harmonia de "deixar acontecer", "receber o outro" como uma dádiva de Deus (Kami, Alá, Jeová, etc..) .
Talvez a importância do jiu-waza também seja a capacidade de aceitarmos várias pessoas "entrando" em nossas vidas. compartilhando nosso amor com elas e o delas para conosco. O revezamento entre ser Uke e ser Nage, também trabalha esta questão de ora darmos amor e ora recebermos amor. Engraçado como várias vezes percebi querermos ser mais Nage que Uke. É mais fácil dar amor que recebê-lo. É como se não quiséssemos estar "em dívida" para com o outro. Não queremos o amor dele para não precisar retribuir, sendo que pela harmonia nem precisaríamos perceber isso, já que aconteceria naturalmente. Talvez como o uke esteja na função de "cair", não queremos "cair" em todos os aspectos psicológicos desta "queda" (incluso "cair de amor"). No jiu-waza, até agora pelo que vi, a medida que se vai evoluindo nas faixas, acrescenta-se mais e mais ukes, num exercício do "coração de mãe", ou seja, sempre cabe mais um.
Percebi a alegria de ser Uke, de e conceder espaço para a outra pessoa expressar o amor dela. De deixar o outro ser o centro (talvez um dia, consiga abordar os aspectos da Física - força centrípeta e centrífuga do Aikido), de ser o coadjuvante do espetáculo que é a vida do Nage/Outro.
Já tinha feito uns três meses de Aikido mas, por motivos diversos, fiquei afastado uns cinco anos. Quando retornei percebi que estava com mais medo de cair, principalmente do lado esquerdo. ficava temeroso , invertia a queda, me machucava. Não soltava meu corpo. Caia duro feito tijolo. talvez com medo de mostrar minha vulnerabilidade. Aos poucos fui perdendo medo de me jogar no chão, no desconhecido, no vazio. E, meus amigos, como temos medo do vazio. Temos medo de "dar amor' e "receber o vazio". Daí, talvez, expressar meu amor de maneira dura, rígida, severa etc...
A técnica de O-sensei com o tempo ficou mais fluida (mas nem por isso menos marcial). Alguns pensam que o certo é ser rígido, forte, severo. Não estão errados, creio eu. Isso é só uma fase. O-sensei dizia "começamos sem forma, depois de muito treino entramos na forma, e com a sabedoria e muito mais treino, saímos da forma". Neste momento analiso que nascemos com amor, saímos do amor e por fim, retornamos ao Amor (com letra maíscula). Estou meditando se isso poderia ser uma das interpretações desta frase de O-sensei.
Takemussu, se não me engano (corrijam-me) significa "verdadeiro". Então qual é o Verdadeiro Amor? De que maneira expresso meus verdadeiros sentimentos. Uke e Nage não podem fingir que, respectivamente, recebem e aplicam um golpe. Tem que ter a intenção. Tem que ter sentimento verdadeiro, pois só nos mostramos por completo com a Verdade.
Às vezes, no jiu-waza, páro no meio de um golpe. Travo. Bloqueio. Minha mente fica confusa. Reflexo de que somos condicionados a refreiar nossos sentimentos. Não deixamos fluir. Somos treinados a controlar nosso amor. Ele , dizem, tem hora certa, intensidade certa e pessoa certa para expressar. Seria mais fácil deixar acontecer? Darmos amor e recebermos de maneira harmônica e automática. Creio que a prática do Aikido me responderá esta pergunta.
A técnica de entrada (irimi) é um dos aspectos primordiais no Aikido. Quero fazer um post com cada um dos principais conceitos do Aikido. Mas por enquanto quero me deter no Irimi. Entrar cedo demais ou tarde demais pode ser uma questão de vida ou morte numa luta. Talvez no amor também. Expressar amor cedo demais ou tarde demais pode resultar em várias desarmonias em nossas vidas (já passei por cada fora por não entender este conceito...). Daí que (excetuando uma luta real) quando um Uke e Nage (pode ser marido e mulher) se entendem, percebem quanto de amor vai ser dado e como ele vai ser recebido, a técnica flui. E é muito bonito se ver. Daí as pessoas pensarem que Aikido seja uma dança, pré-combinada, mas não... é simplesmente o baile cósmico, a dança dos planetas e sóis do universo refletidas em nossas vidas, no tatame...
A quem eu amo? Devo amar primeiro a mim e entender e estender este amor ao próximo, independente se relacionam comigo ou não. Um dia, talvez, ele (o outro) entre na esfera dinâmica, na força centrípeta de nossas vidas, ou nós na dele. Daí cabe a nós continuar a elipse universal da vivência humana. Seja o outro conhecido ou não. Não por que é cômodo eu dar/receber amor. E sim porque é parte integrante e necessária da vida (assim como o irimi, tenkan, tai sabaki etc.. são do Aikido).
O que posso fazer então para expressar esse amor que O-sensei já dizia?
Calma lá, sou só um 5°kyu. espero um dia poder-lhes responder de minha experiência.
Onegashimás.